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Nova Domum - CAP. 03 Empty Nova Domum - CAP. 03

2/1/2013, 5:35 pm

CAPÍTULO 3

_________________________________________________



Eu estava de olhos fechados. Escutei muitos sons, sons da floresta. Escutei o rio, o vento e os pássaros. Senti minhas pálpebras coladas umas nas outras devido a remela seca. Abri meus olhos com uma certa dificuldade, e quando os abri totalmente, senti minha cabeça explodir. Minha testa e minha nuca doíam muito, parecendo que estavam saltando da minha cabeça. Fechei os olhos com dor enquanto levei minha mão à cabeça. Mas ao invés de sentir minha pele, senti uma sacola de neve.

Icei meu corpo com as mãos, assustado, mas senti meu braço esquerdo devido a bala. Sendo assim, caí no chão, fazendo uma barulheira com sacos de neve – eu estava usando um como travesseiro, e só percebi por causa das gotas gélidas caindo de minha nuca. Com o peito virado para baixo, olhei um chão de terra. As mangas de meu macacão estavam amarradas na minha cintura, deixando minha roupa de baixo – uma regata branca – exposta, assim como os meus braços e minhas marcas. Me virei de costas para o chão.

Tanto o teto acima de mim como as paredes ao lado eram de madeira. Olhei em volta. Uma mesa de madeira estava ao meu lado, que foi de onde caí. Alguns móveis se viam a vista – balcões e cadeiras. Havia um armário, e em um balcão ao lado dele, um balde. Do outro lado, uma fogueira apagada debaixo de uma chaminé. Havia umas suspensões que seguravam uma grande panela. Era uma cozinha sem eletricidade ou encanamento. Olhei pela janela e vi as árvores da floresta, iluminadas pelo sol. Eu não estava em uma província, e eu estava sem máscara. Deduzi que, pelo fato de eu ser um bastardo, eu podia respirar das duas formas, portanto não me preocupei. Onde diabos eu estou? Alguém me trouxe aqui, e não foi um dos soldados que estavam me perseguindo, senão eu já estaria morto... Quem me deu a última pancada... Seja lá quem for, me apagou para me salvar. Com certeza essa pessoa não sabe se relacionar direito com os outros.

Me levantei somente com o braço direito. Olhei meu bíceps esquerdo, enfaixado. Tinha uma marca de sangue nele, que é onde fica o buraco do tiro. Alguém estancou o sangramento para mim.

- Olá? - falei. Ninguém respondeu.

Comecei a vagar pela casa. Tirei a tampa da panela... Vazia. Passei pela porta – que não tinha porta – da cozinha e me deparei somente com o quarto. Havia uma cama de casal, e bem grande por sinal. Um kainaaru caberia perfeitamente nela. Será que esta é a casa de um deles? No quarto havia um baú na frente da cama, que abri sem dificuldades. Enfiei a mão lá dentro e tirei de lá um arco. Armas, era disso que ele estava cheio. Aljavas, flechas, machadinhas e facas. Coloquei-o lá dentro e fechei o baú novamente.

Sai da casa por uma porta que ficava na cozinha. Logo ao sair dela, me deparei com um barranco, assim como o que eu tentava contornar na noite seguinte. Só que a diferença era que, dessas vez, degraus de pedra guiavam meu caminho em segurança até água. Estava frio, portanto, desamarrei as mangas do macacão e o vesti novamente., com um pouco de dor. Só com a luz do dia pude ver o quão sujo estava. Comecei a tremer levemente. Senti os pequenos flocos de neve em minha pele. Onde está meu gorro, cachecol e luvas?

Olhei para o rio e contemplei uma bela mulher. Era baixa demais para ser uma kainaaru, que tem todos no mínimo 1,70 de altura, que variam até uns 2 metros. Tinha cabelos curtos e negros e estava enfiada em agasalhos castanhos. Ela estava agachada na beira do rio, fazendo alguma coisa nele. Observando a água que corria, ela ficava levemente marrom seguindo do ponto em que a moça estava agachada. Foi ela quem me acolheu... Me encolhi no macacão e desci as escadas.

- Como está o braço? - ela perguntou quando cheguei mais perto. Ela tinha um sotaque mais puxado

- Melhor – respondi, meio indiferente. - Quem é você?

Ela virou seu rosto para mim. Ela tinha olhos laranjas, assim como os kainaarus. Sua pele era morena. Seu rosto era humano, apesar do nariz levemente mais longo. Tinha uma feição um pouco mais dura e destemida. Mas o que me chamou a atenção foi a mancha laranja, que cobria seu olho esquerdo e orelha. Ela era igual a mim, uma bastarda. Ela me avaliou de cima abaixo, inexpressiva.

- Volte para dentro, você está congelando – disse, finalmente, voltando-se logo em seguida a mexer na água.

- Por que está fazendo isso? - perguntei.

- Fazendo o que? - ela falou, sem se virar para mim, continuando com seja lá o que ela estava fazendo.

- Me ajudando... depois de me sequestrar - consegui ouvir um riso pequeno.

- Volte para dentro da casa que eu responderei todas as suas perguntas enquanto comemos. Logo entrarei.

- Como quiser... - desisti de conversar com ela, e o frio deu um empurrãozinho a mais.

Retornei à casa, onde resolvi dar uma olhada nas armas novamente. Retirei todas elas e as estendi no chão. No total, contabilizei um arco, uma aljava, vinte flechas, duas machadinhas de alguma especie de pedra e quatro facas. Fiquei imaginando o que ela fazia. Provavelmente tudo isso seja por causa da vida solitária e nesse ambiente hostil. Afinal, como ela se manteria viva de outro jeito? Mas o que me deixava inquieto era o lugar. Construir a casa sozinha é compreensível, e tendo habilidades marceneiras é fácil construir os móveis... Mas e quanto a cama? Cobertores, travesseiros... Essa mulher não tem cara de tricoteira. Toquei o tecido, e era a coisa mais macia que já senti na vida. Mal sentia na ponta dos dedos. Então o agarrei com força para senti-lo melhor, e ele se tornou duro, subitamente. Era como segurar uma pedra. Soltei-o, e o tecido ficou amassado.

- Se chama seiyjo – me virei e vi aquela mulher novamente, segurando vestes em suas mãos. - Os guerreiros kainaarus o usam para fazer suas vestes de guerra. Se uma flecha, ou qualquer coisa tente penetrar, isso barra.

- Nunca ouvi falar deste tipo de tecido...

- Existem coisas que não são descobertas da segurança de um província – ela respondeu. - E isso não é tecido, é pele. Isto é tecido.

- Então jogou as roupas castanhas que segurava em mim. Era bem macio. Apertei com força para ver se ficava duro também, mas não aconteceu nada.

- E quanto à balas?

- Se lembra? Perguntas somente enquanto comemos. Se vista, Sunders – ela falou. Deve ter visto meu sobrenome em meu macacão. - Vou preparar a comida – e saiu do quarto.

Me senti desconfortável em me trocar ali uma vez que não havia porta. Vi ela se virando de costas e me troquei o mais rápido possível. Meu braço doía sempre que eu fazia força, então o movi do jeito mais suave que encontrei. Logo, já estava totalmente vestido, agasalhado e aquecido. Tecidos nativos... No total, estava vestindo botas de couro – seja lá de que animal -, calças e um suéter, leves, porém quentes. Segurando minhas calças, um cinto com uma bainha de faca vazia. Por cima disso tudo, vesti um casaco que me cobre até os joelhos e com um capuz, e em volta desse capuz, um cachecol. Para terminar, luvas, parecidas com as minhas antigas, indo até o antebraço. Todas as peças eram castanhas, tirando o suéter, que era verde, e o cachecol que era em um vermelho fosco e escuro, parecido com greez. Saí da porta para cozinha, onde encontrei aquela mulher mexendo na panela, com a fogueira acesa. Ela se virou para mim, mostrando novamente sua marca.

- Imaginei que serviria bem em você. Sente-se, a sopa está quase pronta – falou naquele sotaque.

Fiz o que ela mandou. Puxei a cadeira e não falei mais nada. A sopa estava com um cheiro bom, que encheu minha boca de saliva e fez meu estômago roncar. Prestei atenção nela. Ela estava toda coberta. As roupas que ela me deu eram muito parecida com as dela – casacos, calças, botas e luvas castanhas, uma camisa sem manga vermelha como o cachecol que me deu e um cachecol verde, como o suéter que eu vestia. Ela tinha um bracelete dourado em seu pulso... Fiquei curioso, mas respeitei seu pedido. Perguntas apenas durante a refeição. Finalmente, ela colocou a sopa em tigelas rústicas e as colocou na mesa, assim como colheres de madeira.

Era uma sopa de carne e legumes – tudo nativo, obviamente. Não consigo identificar o tipo de carne, mas é provável que seja de hungarrar. Havia um legume azul, chamado tsei, que tinha um gosto parecido com batata, e também um verde, chamado unloi. Não da para comparar seu gosto, mas é salgado. Não toco na colher e muito menos na sopa, pulando para a parte que me interessava.

- Posso perguntar agora? - digo, já fazendo uma pergunta de qualquer forma.

- Trato é trato, Sunders – disse, enfiando a colher na boca logo em seguida.

- Me chame de Erick – disse. Nunca gostei de ser chamado pelo sobrenome. - Então... Quem é você?

- Quem sou eu ou o que sou eu? Bom, o que eu sou você já sabe. Sou o mesmo o que você, uma bastarda, híbrida, renegada... Meu nome é Lisieux, da província França.

- É por isso que está me ajudando? Por que somos iguais?

- Não. Não perderia meu tempo com isso. Ia ser mais alguém para proteger, mais alguém para me encher o saco. Se eu te deixasse vivo ia ser mais vantajoso, você estaria na mira dos predadores e eu estaria livre – pelo menos ela sabe sobreviver. Ela nem olhava para mim, apenas para a comida. Engoli um pedaço de carne.

- Como assim, mais alguém para proteger?

- É por isso que você está aqui... Você não acha que eu sobreviveria sozinha em Nova Domum não é? De onde você acha que eu tirei aquelas armas que você olhava?

- Kainaarus... - falei.

- Exato. Eu trabalho para eles.

- Como uma mercenária?

- Também. Se algum soldado, seja francês, americano ou japonês chegar até aqui, eu mato ele. Essa aldeia está escondida, não pode ser reportada, mas pelo o que vi ontem a noite, não vai permanecer assim por muito tempo.

- Há quantos quilômetros estamos da província mais próxima?

- Eu não sei. Os muros se aproximam a cada dia. Creio que uns cem, cento e cinquenta. Da última vez que chequei eram duzentos, e isso há meses.

- É bom você se mudar daqui rápido. A minha missão é... Era limpar 1 hectare de nativos ou predadores.

- E os soldados estão em quanto? Dez? Nada que não possamos lidar.

- Treze, e bem armados, diga-se de passagem.

- Somos mais de cem. Você sabe o quão é difícil derrotar uma nativo de perto...

- Faça como quiser – respondi. - Não vou arriscar minha vida nessa batalha de qualquer jeito.

- Você não terá outra escolha.

Imaginei o por que, mas aconteceu tanta coisa em tão pouco tempo que fiquei incapaz de descobrir. Talvez ela esteja se baseando em uma esperança, mas ela não tem cara de quem acredita nesse tipo de coisa. Da para ver que ela esperta apenas pelo jeito como fala, sem revelar nada, nenhuma emoção. Fiquei desconfiado.

- Mas se você trabalha para eles... Onde eles estão?

- Digamos que os humanos não são os únicos a nos odiar... Erick, nós não temos lugar, nem nesse planeta e muito menos na Terra. Humanos e kainaarus nos odeiam pelo mesmo motivo.

- Acham que vamos criar uma paixão pelo outro povo, e preferir a eles...

- Mas vocês sabe que não é assim. Você deve preferir aos humanos, suponho, mas eu já não prefiro ninguém. Nem mesmo você – disse colocando a colher na boca.

- Acho que posso viver com isso – digo, com um sorriso de canto. - E o que mais vocês faz para eles?

- Nada demais. Caço, apenas. E os mantenho alertas dos perigos.

- Já alertou-os sobre mim? Ou sobre os soldados? Você sabe que virão me procurar.

- Não acredito nisso. Aquele q'othor despedaçou os cinco soldados que iriam o executar. Se acharam os corpos, devem ter pensado que você foi comido. Mas de qualquer forma... Ainda não avisei-os sobre você. Mas não se preocupe, mais tarde faremos isso. Não vai comer sua sopa? - ela perguntou, mudando de assunto.

- Não estou com fome.

- Pois devia.

Não estava muito afim de discutir, portanto, comecei a comer direito. Descobri que eu tinha fome e devorei toda a refeição. Não comia desde o dia anterior. Aquilo realmente encheu minha barriga. Depois de duas tigelas, já estava satisfeito. Lisieux pegou as tigelas e as esfregou dentro da bacia de água.

- Onde você deixou meus óculos? - pergunto

- Eu nem sabia que você usava...

Devem ter caído do meu bolso em algum momento de minha fuga. Abri a porta e me encostei nela, olhando para a floresta lá fora. Espero que ela esteja certa e eles não estejam me procurando. Não é incomum perdermos homens nessas expedições, mas nunca passaram de dois. Mas perder seis... Tenho certeza que retornarão à província, cancelando a missão. Ou eles pedirão reforços de sete homens. Seja como for, ficarão parados por pelo menos um dia, sem falar que talvez demore um tempo até encontrarem o clarão. Seguirão rastros por algum tempo. Mas será que desistirão de mim assim? Viver sozinho em Nova Domum é igual a suicídio, e, ainda, eu supostamente estaria desarmado. Se cinco caras armados até os dentes foram mortos em questão de segundos, o que eles devem pensar de um sem ao menos uma faca?

Começo a refletir sobre a conversa que tive com a moça. A necessidade a juntou com estes nativos, e mesmo que um tanto afastada, ela ganhou um espaço na tribo deles. Uma mercenária. Há muitos destes nas províncias... Ex-fuzileiros que não tem mais nada se não pesadelos de guerras, e só querem algum dinheiro para viver. Mas onde eu entro nisso? Serei seu parceiro? O que ela ganha comigo aqui? Já vi que ela não é do tipo que ajuda por nada. Tanto humanos quanto kainaarus a tratam como uma aberração, é compreensível que ela tenha ódio dos vivos.

Ouvi Lisieux se aproximando. Ela se encostou na porta, igual a mim.

- O que eu faço agora? - perguntei, sem olhar para ela. - Vivo aqui, com você e os nativos?

- E o que mais você tem em mente, voltar e se vingar como um herói de quadrinhos? - Ela tem razão, não há outra escolha se não viver como ela.
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2/1/2013, 7:55 pm
foda como sempre, mina!
parabéns! Like a Star @ heaven
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2/1/2013, 9:48 pm
TANKIU *-*
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