Jail's Friends
26/1/2013, 4:55 pm
Jail’s Friends
Sinopse: Victorius acorda numa cela de uma penitenciária. Suas memórias estão confusas. Ele se lembra de nada. Então seu melhor amigo, que também foi preso junto com ele, irá contar tudo o que aconteceu. Sangue e traição. Por fim, uma tentativa de fuga.
- Jail's Friends:
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- Não! Não faça isso!
Grita um homem correndo desesperado, em uma visão borrada.
- Pare!
O homem corre em direção a outro que está de costas.
- Você não pode fazer isso!
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O homem chega a uns 2 metros do que está de costas, e cai ajoelhado no chão. Vê um revolver que o tal empunhava.
- Mas... O que você fez? – diz o homem assustado.
O homem que estava em pé e de costas se vira um pouco, mas não dá para ver sua face devido à luz que faz uma sombra projetar-se sobre ele.
- O que você fez? – pergunta, o quê empunhava o revolver.
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O homem acorda assustado. Ele está deitado numa cama beliche, na parte debaixo, a qual se localiza numa cela de uma penitenciária. Dentro da cela continham 2 beliches paralelos, uma pia e um vazo sanitário que ficava atrás de uma parede de madeira.
- Achei que iria ficar preso em seus sonhos para o resto da vida. – diz o homem que estava sentado na parte de cima do outro beliche, ele tinha os cabelos cortados à altura dos ombros, e pintado de vermelho. Os pelos sutis que saiam de seu rosto também eram vermelhos.
- Q-que está acontecendo aqui? Que lugar é esse?... – diz o outro – Minha cabeça dói... Minhas memórias estão confusas... – diz, pondo a mão na testa e olhando para baixo.
- Não me venha dizer que perdeu as memórias... – diz o ruivo.
-...
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- Ah, e vai dizer que não lembra nem de seu nome?
- De meu nome obviamente eu lembro. É... É...
- Ah... Agora essa. Seu nome é Victorius. E o meu é Vann.
- Ah, sim esse é meu nome... – diz Victorius, recuperando um pouco mais da memória. – O que foi que aconteceu comigo? De nada me lembro... Como vim parar aqui...? Que lugar é esse?
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- Não vê as grades?
Victorius olha para o lado e as vê. Seus olhos se abrem mais, por estar surpreso.
- Victorius, fomos presos! – diz Vann com um tom entusiasmado e um sorriso no rosto.
Victorius se levanta rapidamente.
- Como eu fui ser preso?! O que eu fiz?
- Nós fomos presos. Nós fizemos. – diz Vann
- Como assim nós?... Espere... não te conheço. Como é que sabes tanto sobre mim?
- Não acredito que esquecestes que sou seu único e melhor amigo... É como se nós fossemos...
- Irmãos – interrompe Victorius.
- Não era isso que ia dizer...
- Desculpe... Não estou muito bem psicologicamente. Minhas memórias estão realmente confusas, talvez seja parte do choque de ter sido preso. E, aliás, por que fomos presos?
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- Matamos uma pessoa... – Vann levanta o dedo indicador na altura do rosto - Uma não, duas pessoas – agora ele indica o número 2 com os dedos indicador e do meio, da mão direita.
- Ma-matamos?! Eu matei uma pessoa?!... – Victorius, que antes estava de pé, se senta pondo as duas mãos sobre a cabeça. – Não achei que eu fosse capaz de fazer isso... Eu matei duas pessoas... Eu matei... Matei... Matei – continua repetindo, ele, olhando para o chão com os olhos arregalados.
- Para ser mais preciso, fui que matei. Mas dá na mesma.
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- Quê? – Victorius olha para Vann – Conte-me isso direito! Se foi você que matou, por que eu estou preso também? Quem foi que você matou! – diz ele se levantando e indo em direção à Vann.
- Ah, você foi como um “cumplice”. Pelo visto você não se lembra de nada do que aconteceu mesmo. Melhor eu te ajudar a recuperar sua memória. Vou te contar desde o início, tudo. – diz ele flexionando um dos joelhos, pondo o pé sobre a cama, e repousando a mão sobre o mesmo. – Sente lá, vá, se acalme... – diz ele dando um sorriso pra Victorius.
Victorius suspira.
- Tudo bem. Esse é o melhor a se fazer. Desculpe por me alterar assim, tudo isso está me fazendo ir à loucura. – Victorius se senta. – Comece a dizer tudo e não me poupe de detalhes que julgar desnecessários. Isso pode me ajudar a relembrar de tudo mais facilmente.
-... – Vann passa a mão em torno de seu queixo. Sentindo a superfície áspera de seu rosto com as pontas dos dedos – Tudo bem.
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- Tudo co...
Vann é interrompido pelas batidas do cassetete do policial na grade da cela.
- Hora do almoço. Levante essa bunda da aí e passa! – grita o policial, que tinha um rosto um tanto brusco, abrindo a cela.
Victorius se levanta. Vann não se move.
- Vire de costas! – grita o policial
- Hã?
- Vira!
Victorius se vira como lhe foi mandado. O policial o algema e o leva para fora da cela.
- E quanto a ele, não vai algemá-lo também?
- Cala a boca e anda! – grita o policial dando um empurrão em Victorius.
Victorius anda e fica olhando para Vann, que de dentro da cela acena dando tchau com a mão, e sorrindo.
- Anda! Olha pra frente! – grita o policial dando outro empurrão em Victorius.
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Chegado ao refeitório, o policial desalgema Victorius. Ele passa as mãos nos pulsos, no local onde as algemas o apertaram.
- Anda! Vá para fila! – grita o policial para Victorius.
Victorius pega uma bandeja e aguarda na fila. O refeitório era composto por diversas mesas, onde pessoas comiam e falavam alto. Vários guardas se posicionam estrategicamente por todo o refeitório.
Victorius se senta em uma mesa vazia.
- Por que será que o policial não trouxe aquele cara também?... – pensa Victorius
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Victorius olha ao seu redor, e percebe que um dos guardas o olha fixamente de forma agressiva.
- Por que esse...? Espera, eu conheço esse cara de algum lugar... – Victorius diz a si mesmo.
Neste momento imagens vêm à mente dele. Imagens que continham o disparo de uma arma e sangue misturado com o branco dos lençóis.
- Victorius! – diz Vann se sentando a mesa e tirando Victorius daquelas imagens num susto.
- Ah... É você, Vann...
- Que foi? Parece que viu algo desagradável.
Victorius olha para aquele policial novamente e logo retorna a olhar para Vann.
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- Não, é nada. Foram apenas lembranças que vieram em um flash...
- Tinha sangue?
- Sim. Como sabes?
- Devem ter sido lembranças do assassinato.
Um flash de lembrança de uma mulher gritando “Não!” vem à memória de Victorius.
- Cara! – Victorius se assusta de novo – Relaxa, tenta não pensar nisso agora...
- Ok... irei tentar...
- A comida daqui até que não é ruim – diz Vann, com a boca cheia.
- Uhm... – Victorius resmunga olhando para aquilo dentro do prato – Não estou com fome...
- Então posso comer a sua parte?
- À vontade.
Vann pega a bandeja para ele.
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- Sabe há quantos dias estamos confinados aqui? – diz Vann após comer tudo.
- Uhm... Não me lembro...
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- 37?! – diz Victorius surpreso.
- Foi o que eu disse. E deve ser triste para você.
-?
- Ninguém veio te visitar. Eu sou seu único amigo, e comigo estando preso aqui, não há alguém que venha te visitar. Tinha a sua esposa, mas se ela pudesse vir te visitar não teríamos motivos para estarmos presos... – Vann diz dando um sorriso ao final.
- Esposa? Eu era casado?... O que você quis dizer com isso... Não me diga que...
Victorius é interrompido por um homem o chamando na mesa vizinha.
- Ei, parceiro, chega aqui. – o homem qual o chamou tinha a cabeça raspada e tatuagens por todo o braço.
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Victorius olha hesitante para Vann.
- Vá. Você já os conhece.
- Conheço?
Victorius se levante e vai até a mesa vizinha. Ele se senta ao lado do tal que o chamava. Na mesa havia um grupo de outros presidiários.
- Já está tudo preparado para essa noite. – diz um dos homens.
- Preparado? – pergunta Victorius.
- Sim. A nossa fuga será hoje à noite. Está tudo pronto, a escada para pular o muro, os cachorros irão estar presos e as luzes dos refletores vigias foram queimadas de propósito. Só teremos trabalho pra abater alguns guardas no caminho, sem chamar muita atenção. – todos riem menos Victorius
- Uma fuga! – pensa Victorius – E onde eu entro nessa história? – diz
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- Como assim, “onde você entra”? Foi você que bancou o suborno dos guardas corruptos.
- Eu?
- Claro! Vai falar que esqueceu agora? – diz outro homem de cabeça raspada e com uma aparência obesa.
Victorius apenas ri.
- Então está combinado. Vou passar na cela de cada um esta noite, depois do toque recolher. Estejam preparados. – diz o homem com tatuagens.
- E quanto a ele? – diz Victorius, aponta para a mesa onde estivera, sem olhar.
- Ele quem?
- Ele... – Victorius olha, mas Vann não está mais lá. – Ah, deixe pra lá.
Um guarda aparece batendo com um cassetete na mesa.
- O que tanto cochicham ai?! O horário de almoço já acabou!
...
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Victorius sentado na cama em sua cela.
- Fugir. Esta noite eu sairei daqui. Será que Vann está sabendo disto tudo? – diz Victorius a si mesmo.
- Vamos começar? Vou contar a você desde que nos conhecemos... – diz Vann de cima de seu beliche.
- Vann?!
- Está aí desde quando?
- O tempo todo, não tinha me visto?
- Não?
Vann sorri.
- Nossa história começa assim.
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[flashback – início]
“Eu sempre estive com você”
Mostra-se Victorius segurando a mão de sua noiva no altar.
“Eu sabia da sua existência, mas você não sabia da minha.”
Mostra-se Victorius pondo a aliança no dedo de sua esposa.
“Eu estava lá quando você casou...”
Mostra-se Victorius e sua esposa agora em enfrente a uma casa.
“Eu estava lá quando você comprou uma casa e foi morar com sua esposa...”
Mostra-se agora um consultório médico. O médico em frente a eles. A esposa está abraçada com Victorius. Ela está a chorar.
“Eu estava lá quando vocês descobriram que tu não podias ter filhos...”
[flashback – fim]
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- Agora eu consigo me lembrar, vagamente... Lembro-me do dia em que me casei com Penélope, e do dia em que soubemos que eu não podia ter filhos... – diz Victorius
- Mas você só me conheceu quando foi demitido.
- Demitido? Por que eu fui demitido mesmo?
- Na verdade, nós dois fomos demitidos. Você teve uma briga com o seu chefe e acertou um soco no olho dele.
- Eu acertei um soco no meu chefe?!
Uma imagem de Victorius acertando um soco em seu chefe vem à sua memória.
- Pra ser mais preciso fui eu que acertei o soco nele. – diz Vann
Agora uma imagem de Vann acertando um soco em seu chefe e Victorius olhando vem a sua cabeça.
- Você seria incapaz de acertar um soco em alguém... – continua Vann - E muito menos atirar em alguém, com suas próprias mãos. –
- Atirar em alguém?
- Foi na nossa demissão que nos conhecemos.
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[flashback – início]
“Depois do ocorrido fomos a um restaurante tomar um café, e passamos horas conversando”.
Mostra-se uma imagem de Vann e Victorius conversando em uma mesa de um restaurante.
“Naquele dia você chegou um pouco mais tarde em casa...”
Victorius entra em casa e beija sua esposa que estava a fazer o jantar.
- Amor, saiu mais trade do trabalho hoje? – pergunta sua esposa, Penélope.
- Na verdade... – Victorius dá uma pausa antes de falar – Eu tive alguns trabalhos extras...
- Ah, sim. Vá tomar um banho enquanto eu termino de preparar o jantar.
Victorius sorri.
“Você não teve coragem o suficiente para contá-la que tinha sido demitido”
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“Depois disso eu te liguei e marcamos de nos encontrar no mesmo restaurante”
Mostra-se imagem de Victorius falando no celular.
- Tudo bem. Encontramo-nos amanhã. – diz ele.
“E assim foi feito”
Mostra-se Victorius e Vann novamente naquele mesmo restaurante.
- Então quer dizer que não tiveres coragem de contá-la sobre sua demissão? – diz Vann
- Eu não poderia contar...
- Esperava por isso.
-...?
- Então tive uma ideia...
- Ideia?
- Que tal escrevermos um livro?
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“Minha ideia parecia insana de suma”
Mostra-se Victorius e Vann conversando animadamente.
“Mas com o explicar melhor da minha ideia, descobrimos que era uma boa. Todos os dias, nos encontraríamos aqui, para escrevermos, e passaríamos o tempo equivalente ao que passávamos trabalhando. Assim Penélope não desconfiaria.”
Mostra-se Victorius dando um sorriso.
“Quando o nosso livro fosse lançado, você me apresentaria a ela. Diria que foi demitido, mas lançou um livro”.
Mostra-se o rosto sorridente de Vann.
“Você tinha grandes economias que foram o suficiente pra manter os gastos até o lançamento do livro”.
[flashback – fim]
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- Agora me lembro disso. Usamos até um pseudônimo para publicá-lo. O livro que escrevemos era realmente genial. Lembro que a história era de um mocinho e de um vilão, e que no final era revelado que o na verdade os papéis estavam invertidos. O mocinho era o vilão, e o vilão era o mocinho. E no meio disto tudo havia um forte triangulo amoroso, entre uma mulher, o mocinho e o vilão. – diz Victorius sorrindo.
- Sim. Trabalhamos longos meses desenvolvendo aquele enredo.
[flashback – início][i/]
“Todos os dias, nos encontrávamos para escrever o livro”.
Mostra-se eles falando enquanto Victorius digita em um netbook.
“Demorou, porém conseguimos o que queríamos.”
Mostra-se a capa de um livro.
“Lançamos o nosso livro”
Mostra-se Victorius e Vann apertando as mãos.
- Parabéns, escritor. – diz Victorius.
- Parabéns a você também, escritor – diz Vann.
Eles riem.
- Agora, vamos, eu quero conhecer sua esposa e dar a notícia do lançamento do nosso livro. – diz Vann
- Eu entregarei o exemplar a ela. Aposto que ela se sentirá orgulhosa e surpresa pelo nosso feito. – diz Victorius
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“Dirigimo-nos até sua casa. Como chegamos mais cedo que o normal, queríamos fazer uma surpresa para Penélope”
Mostra-se a casa de Victorius. Eles entram. Vann, que entra depois, fecha a porta.
- Penél... – Victorius ameaça a chamar sua esposa, mas ouve um barulho vindo do andar de cima.
[i][flashback – fim]
As luzes das celas se apagam.
- Toque de recolher. – diz Vann, olhando para a lâmpada.
- Sim... Aliás. Você sabe da fuga de hoje à noite? Provavelmente ocorrerá daqui a pouco.
- Sim. Eu estava com você quando tudo foi combinado.
- Entendo... Sabe, acho estranha essa minha amnésia, depois de tanto tempo preso, eu perder a memória, o tempo descarta a hipótese de um choque...
Vann ri.
- Prossiga. Por mais que eu me esforce, não consigo recordar-me do que aconteceu depois do lançamento do livro.
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[flashback – início]
“O som que você ouvir era familiar, e o fez subir diretamente ao andar superior”.
Victorius sobre as escadas de sua casa. Ao chegar ao andar superior vê a porta do seu quarto meio aberta. Ele tensamente se aproxima dela. E então olha para dentro e fica paralisado com a cena que vê.
Sua esposa estava lá. Penélope estava com outro homem, traindo Victorius. Ele se mantinha paralisado ao ver aquela cena.
“Vendo aquilo, eu fui até a gaveta do armário do corredor e peguei um revolver que você guardava lá. Carreguei-o e entrei no quarto.”
Vann entra no quarto apontando a arma para eles.
- Surpresa! – grita ele empunhando o revolver.
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Victorius entra atrás. Penélope, ao ver, solta um grito.
- Victorius! O que está fazendo?! – diz ela juntando os lençóis.
- Amigo, solte essa arma... Não faça o que pode se arrepender depois... – diz o homem que estava traindo Victorius, com Penélope.
Vann começa a gargalhar.
- Victorius! – grita Penélope.
Logo após o grito dela, cinco disparos são ouvidos. O vermelho do sangue se mistura com o branco dos lençóis. O sangue de Penélope.
Victorius se mantém em choque. Vann sorri após ter disparado contra Penélope
[b]Page 25
- Penélope! Penélope! – grita o outro homem. – Ela... Está morta...
Vann ria mais ainda.
- Assassino! Louco, você a matou! – grita o homem com Penélope nos braços.
Então Vann disparou mais uma vez, acertando o ombro do homem. Que após tomar o tiro, pegou um pouco dos lençóis e se lançou contra a janela, quebrando o vidro e caindo do lado de fora.
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Victorius não se moveu. Ficou paralisado olhando aquela imagem. Penélope nua e baleada, misturada com os lençóis, os quais ele mesmo já usou. Antes o que era sua amada esposa, não passava de um monte de carne morto e inútil, a carne que teve coragem de traí-lo.
Ele olhou para o rosto de Vann que expressava um sorriso satisfatório.
- O que você fez? – pergunta Victorius.
Vann se vira para ele.
- O que você fez? – diz Vann.
Victorius deixa o livro escorregar de sua mão se chocando ao chão.
[flashback – fim]
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De volta à cela que já antes estava escura, e agora fria.
- Foi isso que aconteceu. – diz Vann
- Meu Deus... – Victorius estava com a cabeça baixa e entre as mãos. – Agora eu me lembro... Eu ainda tentei te impedir, mas uma força maior dentro de mim queria que você fizesse aquilo...
- Depois disso fomos pegos. O homem que estava com Penélope, naquele dia, era uma policial.
- Sim, agora tudo se encaixa. Entendo o porquê daquele guarda me encarando – Vem a imagem do guarda à mente de Victorius – Era ele... – Agora a imagem do mesmo, só que no momento da execução de Penélope.
Victorius levanta a cabeça e respira fundo.
- Mesmo você me contando isso... – Prossegue ele – Ainda continuo sentindo um buraco na minha memória... Está faltando algo. Além de algumas incoerências no que você me contou... Como que sabias que eu guardava uma arma na gaveta se era a primeira vez que tinhas ido à minha casa?
Eles ouvem passos. Victorius se recolhe por debaixo dos cobertores.
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- Ei, você, acorde, está na hora! – diz alguém no meio da escuridão.
Victorius sai de baixo dos cobertores e vê o homem tatuado.
- Venha, vamos logo. – diz ele abrindo o portão da cela com uma chave.
Victorius se levanta e dirige-se até a saída da cela.
- Vann, venha! – diz Victorius para a escuridão do fundo da cela.
- Vou logo atrás de vocês. Vemo-nos lá fora. – responde uma voz do meio daquela escuridão.
- Pare de falar! Quer que nos descubram?! – reclama o tatuado.
Victorius corre seguindo tatuado pelo corredor. Pelos lugares que eles passam veem alguns guardas abatidos.
- Bom e silencioso trabalho – cochicha o tatuado enquanto corre.
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Eles sobem e descem umas escadas até chegarem ao exterior da penitenciária.
- Venha me siga, a escada para passarmos por cima dos muros está próxima.
Eles correm naquela escuridão, mas são surpreendidos pela luz de um refletor. E lá de cima um homem grita.
- Fugitivos! Fugitivos! – ele corre e toca um sino.
Logo se ouvem gritos e barulhos de tiros. As luzes são acesas.
- Droga! Achei que tivesse mandado sabotarem os refletores! – diz o tatuado, então ele para e põe a mão sobre o ombro de Victorius – Amigo, daqui para frente é cada um por si. Boa sorte.
Dito isso, ele sair correndo.
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- Droga! O que eu faço? – diz Victorius. – Vou correr na mesma direção que os outros, ainda tenho chances de fugir...! – pensa ele.
Ele ameaça a correr em direção ao muro, quando ouve um barulho familiar.
- Parado. Se tentar se mover eu atiro. – diz alguém do lado dele.
Victorius se vira e vê. Era o policial que o traíra com Penélope, apontando uma pistola para ele.
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- Você... – diz Victorius.
- Não vou te deixar fugir depois do que fez...
- Foram vocês que fizeram comigo! – grita
Neste momento passa um presidiário correndo e acerte um soco na face do policial. O presidiário continua correndo. O policial cai ao chão e deixa sua arma cair. Sem hesitar, Victorius pega arma e aponta para o policial.
- Ei, solta essa arma! – grita o policial, ainda no chão. – Não vá cometer uma besteira...!
- Cala a boca! – grita Victorius.
Victorius segurava a pistola, mas tremia demasiadamente. Sua respiração estava ofegante e suor frio escorria por toda sua testa. Ele hesita apontando a arma para o policial.
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- Vá. Atire logo. – diz Vann que aparece ao lado de Victorius.
- Vann! É ele...!
- Sim, atire nele...
Victorius tremia ainda mais.
- Você é incapaz de atirar em alguém não é? – Vann diz pegando a arma da mão de Victorius. – Deixe que eu faça novamente o trabalho por você. – Vann aponta a arma para o policial caído no chão.
- Não cometa o mesmo erro novamente! Abaixe essa arma! – grita o policial olhando para Victorius.
- Não fui eu que matei Penélope. Foi Vann! Ele atirou! – grita Victorius sem entender o porquê de o policial estar falar com ele.
- Sim. Você, Vann Victorius, atirou em Penélope, após pegá-la te traindo comigo!
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Victorius expressa confusão.
- Não. Eu não sou... Eu... – ele diz e olha para Vann, que apontava a arma para o policial.
- Não me diga que não entendeu. Tu sabes que matou Penélope. – diz Vann
- Não, foi você que atirou nela, monstro! – diz Victorius ainda mais confuso.
- Como?
-?
- Como um amigo imaginário poderia atirar e matar alguém? – diz Vann sorrindo e ainda apontando a arma para o policial
- O que? – Victorius olha para sua mão e ele ainda está segurando a arma apontando para o policial – Mas...
- Eu sou apenas uma projeção ilusionaria que você criou.
- Não estou entendendo, Vann, isso não é hora desse tipo de brincadeira...
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- Não se faça de burro! Você é inteligente! Nós somos inteligentes. Todos esse tempo era você. – Vann lambe os lábios. – Mas tanto faz quem era. Por nós somos...
- A mesma pessoa – completa Victorius, com os olhos arregalados enfatizando sua surpresa.
- Você não seria capaz de atirar em Penélope, sozinho, então através de mim, das minhas mãos, você encontrou coragem para fazer e fê-lo. Nós fizemos. Atiramos nela! Ela mereceu.
- Não... – diz Victorius.
- Vann Victorius, o que está dizendo?! Largue essa arma! – grita o policial ainda no chão.
- Eu estava o tempo todo dormindo dentro de você, e então eu acordei para dar aquele soco no nosso chefe. Para o mundo você estava falando sozinho. Só você me via. Mas, não é porque só você pode me ver que eu não exista – sorri Vann.
Imagens de Victorius discutindo sozinho no café vêm à memória dele.
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- Por isso eu sabia onde você guardava a arma. Eu sabia, porque você sabia...! – continua Vann
- Não... Não pode ser... Tudo isso são inverdades...
- Depois de termos matado a Penélope, você começou a enxergar o mundo pelos meus olhos. Você começou a ser Vann! – Vann sorri novamente - Victorius manteve-se adormecido até hoje de manhã, quando você despertou alegando ter perdido a memória. – ele lambe os lábios ressecados novamente - Na verdade tu só querias ignorar e esquecer o fato de que eu e tu somos a mesma pessoa. Então você precisou esquecer-se de toda a sua vida...
- Vann Victorius, largue essa arma agora! – grita o policial novamente.
- E então, Victorius? Desta vez vai executá-lo com as minhas ou as suas próprias mãos? – diz Vann sorrindo.
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A mão de Victorius treme com a arma em mãos. Mesmo tremendo, ele ergue lentamente a arma.
- Nesse tempo todo o verdadeiro monstro era eu. – diz Victorius esboçando um sorriso triste.
Ele leva o cano da arma até a lateral de sua cabeça.
- Ei, Victorius, o que está fazendo? – pergunta Vann. – Não faça...
Victorius pressiona seu dedo úmido contra o gatilho gelado da arma, e apena ouve um som estrondoso.
As vozes dos presidiários correndo e dos policiais atrás deles, estavam ecoando no fundo daquele trágico cenário.
[b]Page 37
O corpo de Victorius foi tombando lentamente até pousar bruscamente no chão.
E ali ficaram. Amigos, um em frente ao outro. Victorius caiu de lado no chão, e Vann caiu do mesmo jeito, mas de ponta cabeça, comparando com a posição de Victorius.
Eles ficaram cara a cara.
E, enquanto ambos ainda podiam enxergar o borram das luzes, e os sons disturbados, disseram ao mesmo tempo suas últimas palavras. Palavras que logo foram tomadas pela escura e gélida morte.
- Adeus, amigo.Jail’s Friends - End
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